terça-feira, 16 de outubro de 2007

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.Madrugada taciturna quando a carne se enfurece em sonho.
Uma vida estouvada?
Cômica e triste submissão ao destino?
Tragicomicidade?
Instinto solitário e selvagem?
Capacidade e peculiaridades, no limite da sanidade,
em vários estados de hipnose?
é deveras inexplicável,
inexorável
e faz-me cantar o amor
sob violentas luas elétricas, em alucinatórias cavalgadas,
estados anímicos não mais sujeitos à domabilidade.
Sentada no foco da ira incandescente,
ouço concepções singulares sobre a voracidade.
Desconcertada.
Desarticulada.
Tresloucada.
Lembro-me dos olhos e nos olhos os olhos: a paralisia do tempo.
Lembro-me da espera cercada das noites trepidantes.
Como de costume,padecia de dúvidas ansiosas,
risíveis neurônios inanimados
traduzidos em poemas soltos e descompromissados.
Nada que espraiasse a minha fome,
todos os famintos são iguais.
Rasgo-me.
Retraço-me.
Corto-me com lâmina fria de uma faca.
Quem teve a cabeça decepada,
mexa o narizinho.
A carne quase ria.
Fascinação.
Alma inconstante, dolorosamente dilatada no chão da agonia,
submersa no asco
oscila na febril dissensão entre sonho, realidade e a ilusão.
Invento sonhos lúdicos,
espirro lembranças e sensações.
Tudo subsiste dentro dos côncavos e vales da minha memória ...
Dormências, tormentos, lutos, naufrágios ...
problemas e soluções,
inquietações, alegrias, contrastando-se em meras incompreensões.
Vendavais que arrepiam
redemoinhos de espasmos
instantes de intenso abalo sísmico
explosões seguidas de combustão.
No dia mais feliz da minha vida
deram-me um anemômetro,
o gozo subiu à boca
e um grito de alegria marcou o encontro etéreo,
encontrei o meu lugar nos olhos da tempestade.
Utopia realizada.
Sonho pacifista semi-acabado.
Transposição poética e cifrada...
Talvez agora não seja mais um sonho.
Algo em mim chove diluviosamente.
Quais são os nossos segredos ?
Certamente infinitos, como nossos demônios invisíveis,
mas presentes
ou talvez sequer existam, a não ser em nosso temor,
eterno ou passageiro.
Que venha o fim de tudo,
o caos, o cataclisma,
o apocalipse, o satã,
o sagrado, o profano,
a força infinita perfeita e pensante,
a catarse,
o perfume fulminante.
Taquicardia, palpitação...
alcançando-se o ponto extremo
e indo além.
Nada me assusta tanto
Nem me agrada tanto
Cada um carrega em si o seu oposto
a vida é o germe da destruição
e busco dessa maneira a minha revolução,
bálsamo de tranqüilidade que deleita o meu coração.
A emoção é sempre tão reenergizante
e enquanto o sangue pulsar na mão com que escrevo,
o querido gigante apx. fará parte,
tanto quanto eu,
dos redolentes restos de dias suspensos.
Tenhamos paciência.
Havemos de amanhecer
livres do medo diante do tempo
ou não.
E nesses dias tenho antigos desejos
como o de devorar costeletas ao molho escabeche
e dançar um tango em Paris
ou pelo menos
almejá-lo ardentemente.
Não exijo senão isto,
isto sempre,
isto cada vez mais.

. Kaísa .
_______
Foto: lylia Cornelli, Margarida Delgado.

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3 comentários:

Leo disse...

Não consigo buscar na memória palavras que mais se materializaram e criaram vida do que tais.
Foram muito alem de um filme,ja que despertaram em mim sensações concretas, e nem por isso objetivas.

De qualquer forma..Parabens

Tati disse...

[Orgasmos Literários Múltiplos]

Anônimo disse...

Adorei seu blog... Continuarei a lê-lo!
Com a sua licença, vou imprimir os escritos e prgarno meu quarto!
Sarah Arvelos